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    Big Three: de onde vieram e pra onde vão?

    Hoje me deparei com uma conversa de buteco interessante. Depois do resultado de domingo no cyclocross de Namur, alguns aficionados começaram (de novo) a falar sobre o polêmico Big Three – Van der Poel, Van Aert e Tom Pidcock – bem como as suas ambições, características e particularidades.

    Alguém soltou algo mais ou menos assim: No cyclocross esses caras aceleram até a morte nas subidas, correm por poucos segundos no limiar máximo e só respiram quando soltam a banguela nas descidas.

    Logo veio outro para contradizer: você está errado. O cyclocross não tem banguela. Quando chega nas descidas o cara está se equilibrando em uma corda bamba para não cair da bicicleta, gastando ainda mais energia do que gastou na subida.

    Achei sensato. As descidas do cyclocross me parecem mais técnicas do que as do MTB e do Road, elas só têm um RISCO menor – é o que me parece.  O cara precisa de muita coragem pra fazer os rock gardens do MTB, assim como nas velozes descidas do road, mas o tipo de técnica mais exaustiva e complicada, fácil de perder o equilíbrio, acredito que sejam aquelas piscinas de barro, neve e escadarias do cyclocross. E as trocas de bike? Os bunny-hop? As canaletas de lama e areia?

    Outra discussão é que esses caras já iniciaram o ano de 2024 em outubro de 2023, e eles estão colocando o motor no vermelho toda semana nessas provas do CX. E quando começar a temporada de road, o que vai ser do tal Big Three? Isso por que alguns ainda vão dar umas pancadas em provas de MTB e esse ano vai ter Olimpíadas, pra deixar o calendário ainda mais complexo.

    Pidcock espalhou por aí que tem planos de ser GC no Tour de France. Com essa pancadaria toda no início do ano?

    Mas eles sempre fizeram isso. Geração do hiperfoco e da hiperatividade? Não sei, só sei que é assim.

    Desde que o mundo é mundo os mortais adoram criticar o planejamento da temporada dos profissionais. Se teve um cara que foi crucificado pelo seu planejamento de provas, foi Henrique Avancini. Mais do que os caras do CX que estão moendo o motor em pleno dezembro/janeiro, o Avança sempre estava competindo Brasil Ride enquanto o Schurter postava foto de férias, esquiando com a família. Todo mundo caía de pau nele.

    E depois de muitos questionamentos sobre a temporada abarrotada que esses atletas tem, surgiu um comentário sensato: todo campeão foge da regra.

    É incrível como os caras que tiveram os resultados mais bonitos, tiveram também metodologias totalmente questionáveis – e abriram várias portas para pensarmos de uma maneira diferente do que vínhamos pensando até ali. Dá pra fazer um próximo texto só relembrando as vezes que isso aconteceu.

    A tal “nova geração da multidisciplinaridade” que faz tudo o ano inteiro, na verdade não são assim tanta gente. São poucos profissionais se arriscando a andar em vários tipos diferentes de bicicletas. E quando eu tive a oportunidade de conversar com o Nino, ele discordou de mim: “Não existe uma geração multidisciplinar. Existem apenas dois atletas, Van der Poel e Tom Pidcock.”

    Segundo o Nino, nem o Van Aert entra nessa conta. Vale lembrar que o Nino é o atleta menos multidisciplinar de todo o pelotão. Ele é o mais específico de todos.

    O negócio do cara é XCO, mais nada. XCC ele não gosta. XCM também não, só faz a Cape Epic, mas com certas dificuldades quando a coisa fica longa de verdade.

    O Avancini contou esses dias em uma coletiva que o Nino sempre dava uma hiperventilada em subidas acima de 5 minutos de duração.

    E aí? Vale a pena ser um atleta especializado igual o Nino, que nunca arriscou fazer nenhuma prova de road ou CX? Ou é mais legal fazer igual o VDP, competindo de MTB, CX, clássicas, voltas, grandes voltas etc?

    Será que eles fazem isso por dinheiro ou por que realmente gostam de todas as modalidades? Ou é uma preparação para daqui alguns anos ficar estável em uma única modalidade?

    Quando alguém levanta a bola do dinheiro, vem mais uma polêmica. O tal grande trio multidisciplinar supostamente ganha uma grana preta só para largar em algumas provas. Se vencerem, o que quase sempre acontece, ainda tiram mais outra bolada.

    Tem época que eles competem duas provas por semana, só pra acumular esse dinheiro – é o que dizem os boatos da conversa de boteco.

    É muita falação sobre a vida dos caras, principalmente em um bar cheio de ciclista. É por isso que as vezes eu gosto de chamar esses atletas de rock stars. A vida deles é mais polêmica e misteriosa do que qualquer guitarrista da década de 70.

    Chegou um garçom e avisou que a cozinha encerra em 15 minutos. Todo mundo parou pra escolher uma pizza e o assunto mudou.

    Sem nenhuma conclusão, os pitaqueiros largaram a polêmica pra lá. Daqui uns dias tem Mundial de CX, tem Copa do Mundo de MTB no Brasil, tem Olimpíadas e tem as três Grandes Voltas. Fico aguardando pelo próximo boteco News.


    2 comentários

    testew de comentarios 2

    Lacerda

    Materia interessante

    Matheus

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