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    A desconhecida excelência dos eventos de bike no Brasil

    Já percebeu que o Brasil é campeão em algumas coisas pelo mundo?

    Nossa música, por exemplo, é uma das mais complexas e bem estruturadas, conhecida em todo o globo.

    Outro exemplo que temos é o da boa comunicação e afetividade. O brasileiro é visto como um cara muito caloroso na hora de dialogar em reuniões de negócios, apresentações ou vendas.

    Alguns produtos em específico como o café, o queijo e a cachaça (talvez eu esteja tendencioso por ser mineiro) também já ganharam alguns campeonatos pelo mundo e mudam a conversa até daqueles que sofrem com a tal “síndrome do vira lata brasileiro”. Até os mais pessimistas reconhecem que o Brasil manda bem nessas áreas.

    Você já entendeu onde eu quero chegar. Apesar de possuir menos horas vôo no que diz respeito ao ciclismo e mtb, descobrimos grandes atletas talentosos, mas principalmente eventos que tem uma excelência imbatível.

    Nem sempre foi assim, mas nos últimos anos observamos que foram enterrados os organizadores de eventos que ainda insistiam em fazer eventos meia-boca.

    E olha que nós já vimos de tudo nesse meio. Prova com a sinalização capenga era o que mais tinha. Ponto de apoio sem água era o menor dos problemas. Largadas que atrasavam 2 horas e pódios que chegavam a 4 horas de espera.

    Em 2009 eu vi um Campeonato Brasileiro de Maratona que não tinha nem uma caixa de som pra fazer a largada. Foi só o comissário contando “1, 2, 3 e já!”. Te juro. Todos os atletas ficaram perdidos naquele dia, por que nem os fiscais da prova sabiam indicar o caminho correto.

    Meu ponto aqui é para falar como a coisa mudou e como alguns eventos brasileiros estão bem à frente de vários que vemos na gringa.

    Lembro quando o Brou resolveu subir o sarrafo dos pontos de apoio e colocou um churrasqueiro no meio das corridas. Ao invés de copinho de água, tinha energético, Gatorade, açaí, Yakult, iogurte, um tanto de tralha.

    Não que isso seja indispensável para uma prova de MTB, mas fez com que todos os outros organizadores se atentassem para o mínimo: água, refrigerante e isotônico, sempre gelados e disponíveis. O mínimo passou a existir.

    Lembro-me quando o Mário Roma apresentou a Brasil Ride e o grande comentário de quem participou da primeira edição é que a experiência gastronômica do evento era imbatível. A qualidade do café, almoço e janta eram mais discutidas do que a altimetria de cada etapa.

    Competi no final do ano passado a primeira edição de uma prova de enduro em Santa Catarina, o Trans Costa Esmeralda. Os caras estavam no primeiro evento deles e já entregaram um pacote de inscrição com tudo incluso, comida caseira em cada refeição do dia e em todos os pontos de apoio da prova (que estavam até exagerados).

    E resolvi escrever esse texto por que neste final de semana fiz uma cobertura do WOS Canastra, de dentro do carro do diretor da prova. Fui de carona até os pontos de apoio, fizemos o percurso na mão e contramão, filmei a largada, chegada e várias trilhas no meio dessa corrida.

    Percebi o quanto é difícil fazer as coisas funcionarem certinho em uma maratona ou ultramaratona de MTB. Os caras são artistas, tem o sangue frio para resolver os problemas. É o rádio da ambulância avisando que tá indo levar um atleta no hospital, ao mesmo tempo que os caras do ponto de apoio toparam um enxame de abelha no meio do mato. Só incêndio pra apagar, o tempo inteiro.

    E de verdade, participei de grandes eventos em outros países e nem sempre os caras são tão pra frente assim. É normal e aceitável acabar a água do banho ou a comida não estar tão boa assim. Todos entendem que é difícil organizar um evento no meio do mato e perdoam estes pormenores.

    Aí que a gente ficou mal acostumado. Essa inovação do organizador de provas brasileiro, de colocar churrasco no apoio, roda de capoeira na chegada, feira de artesanato durante a premiação ou montar a secretaria de provas ao lado da festa do queijo canastra, isso é da nossa turma.

    “Tá ficando cada vez mais difícil organizar evento ruim no Brasil” – Frase do amigo Henrique, do Pra Quem Pedala. Faz todo sentido o que ele explicou lá naquele vídeo, que viralizou alguns anos atrás.

    Precisamos lembrar que o nosso esporte não é feito só por atletas e equipes, mas principalmente pelos organizadores de evento. Garanto que se houvesse um campeonato mundial entre eles, o Brasil já seria hexa. Parabéns a todos estes guerreiros e obrigado por subir o nível do nosso esporte!

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